Uma outra estação começa hoje. Mas a informação que o calendário me trouxe é desnecessária. O calendário da pele, muito mais preciso para determinar as estações, já me apontava há vários dias a chegada do inverno, que veio aos poucos, como sempre, sem dar importância ao fato de haver um dia dedicado a marcar seu início.
A pele sabe que o fim de uma estação é sempre o início da outra, havendo períodos em que ambas se misturam. Isso é a realidade, que não se curva às divisões rígidas que nós lhe impomos. E a realidade permanece alheia à presunção de se ver o inverno como o oposto da primavera, como se aquele só existisse em função desta. Não se pode levar a sério a afirmação de que os dias de inverno são o preço que pagamos para melhor apreciar os de verão ou primavera ou que o desconforto do frio é uma forma de nos fazer sentir o quanto o calor é bom.
Quem vê as coisas desse modo nega a natureza tentando conformá-la a uma idealização que a mutila e que por isso não tem razão de ser. O inverno é o inverno, não um estágio necessário para se passar do outono à primavera. Os dias de inverno não são uma ponte entre dois lados. São um fim em si mesmos, tanto quanto o são os dias de primavera. No fundo, ver o inverno como a antítese necessária para se valorizar a primavera ou o verão é como desejar, de modo velado, que haja apenas dias de primavera ou verão.
Melhor do que alimentar esse desejo vão é nos abrirmos à natureza como ela é e não como gostaríamos que fosse. Não há melancolia no frio e no cair das folhas. A melancolia está em não aceitar que haja dias frios e folhas que caem e são levadas pelo vento até as águas do regato que as dissolverá, fazendo com que voltem à matéria do chão de onde saíram. Melancólica é toda tentativa de trocar a realidade por uma idealização. É preciso superar o medo e ter a coragem de experimentar o que nos traz cada estação da vida.
A pele sabe que o fim de uma estação é sempre o início da outra, havendo períodos em que ambas se misturam. Isso é a realidade, que não se curva às divisões rígidas que nós lhe impomos. E a realidade permanece alheia à presunção de se ver o inverno como o oposto da primavera, como se aquele só existisse em função desta. Não se pode levar a sério a afirmação de que os dias de inverno são o preço que pagamos para melhor apreciar os de verão ou primavera ou que o desconforto do frio é uma forma de nos fazer sentir o quanto o calor é bom.
Quem vê as coisas desse modo nega a natureza tentando conformá-la a uma idealização que a mutila e que por isso não tem razão de ser. O inverno é o inverno, não um estágio necessário para se passar do outono à primavera. Os dias de inverno não são uma ponte entre dois lados. São um fim em si mesmos, tanto quanto o são os dias de primavera. No fundo, ver o inverno como a antítese necessária para se valorizar a primavera ou o verão é como desejar, de modo velado, que haja apenas dias de primavera ou verão.
Melhor do que alimentar esse desejo vão é nos abrirmos à natureza como ela é e não como gostaríamos que fosse. Não há melancolia no frio e no cair das folhas. A melancolia está em não aceitar que haja dias frios e folhas que caem e são levadas pelo vento até as águas do regato que as dissolverá, fazendo com que voltem à matéria do chão de onde saíram. Melancólica é toda tentativa de trocar a realidade por uma idealização. É preciso superar o medo e ter a coragem de experimentar o que nos traz cada estação da vida.
Texto: Marcio Almeida Jr.
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